[Crítica] Love - 1ª temporada

Love é uma série original da Netflix e acompanha a vida de Gus (Paul Rust) e Michey (Gillian Jacobs) enquanto descobrem as emoções e humilhações da intimidade, do compromisso, do amor e de outras coisas que estavam tentando evitar. Com criação, roteiro e produção executiva de Judd Apatow, Paul Rust e Lesley Arfin, Love é o retrato nu e cru dos relacionamentos atuais. 

Gus é um nerd e professor particular de uma atriz mirim famosa. Já Mickey trabalha na produção de um programa de rádio. Ambos acabaram de terminar um relacionamento e logo se conhecem e estabelecem uma forte ligação. Só que, ao contrário de outras produções, essa forte ligação é estabelecida lentamente com o passar dos episódios e nunca soa forçada. Tanto Paul quanto Gillian conseguem cumprir o que, aparentemente, o roteiro quer nos entregar: personagens com suas particularidades, mas que causam identificação com o público.

O modo com que Apatow consegue eliminar todos aqueles clichês presentes em filmes e séries de
alguns anos atrás é um dos pontos altos da série. Por exemplo, Gus é um nerd, mas isso não significa que ele seja um cara antissocial e virgem. Pelo contrário, o personagem de Paul Rust até é meio estranho, mas também é descolado e um pouco pegador(!). 

O pessimismo presente nas obras de Apatow (cito aqui Girls e Freaks & Geeks) está presente também na vida e no relacionamento de Gus e Mickey. É por isso que, as vezes, a série acaba tendo episódios mais introspectivos que engraçados, o que, nesse caso, não é um ponto negativo.

Falando em momentos engraçados, uma das personagens mais hilárias é a Bertie (Claudia O'Doherty), a amiga que Mickey divide o aluguel. Bertie chega a ter um encontro com Gus, mas o encontro não dá muito certo, porém acaba resultando num dos momentos mais engraçados da série. Kevin (Jordan Rock) é outro que também é engraçado, possui o papel de conselheiro de Gus e é praticamente uma crítica a falta de diversidade na indústria de entretenimento americana. Mas o momento mais surreal da temporada ficou por conta de Andy (Andy Dick), quando ele e Mickey partem para uma viagem meio alucinógena, cheia de drogas e indagações. 

O sucesso de Love está na capacidade com que a série consegue fazer com que nos identificamos com aquelas situações, representando-as de maneira atual, simples, mas nem sempre com finais felizes e previsíveis. Eu já estou pronto para a segunda temporada!